Por Angelica Stabile – Fox News
Os medicamentos conhecidos como GLP-1, utilizados para perda de peso e no tratamento do diabetes, estão sendo associados a uma nova vantagem: a redução do risco de certos tipos de câncer, especialmente em mulheres. É o que mostra um estudo realizado por pesquisadores da Indiana University e da University of Florida, publicado na revista JAMA Oncology.
A pesquisa analisou dados de prontuários médicos de 2014 a 2024, envolvendo 86.632 adultos com obesidade e sem histórico prévio de câncer. Entre os participantes, 68,2% eram mulheres. O levantamento comparou a incidência de 14 tipos de câncer entre pessoas que usaram GLP-1 e aquelas que não fizeram uso desses medicamentos.
Os resultados indicaram uma redução significativa no risco geral de câncer entre os usuários de GLP-1, com destaque para tumores como endometrial, de ovário e meningioma. Por outro lado, o estudo também identificou um aumento no risco de câncer renal entre quem utilizou o medicamento.
Os autores do estudo ressaltam que são necessários acompanhamentos de longo prazo para entender melhor os mecanismos e as implicações clínicas dessas descobertas.
O Dr. Brian Slomovitz, diretor de oncologia ginecológica do Mount Sinai Medical Center, em Miami Beach, comentou os resultados em entrevista à Fox News Digital. Embora não tenha participado da pesquisa, ele destacou que muitos cânceres femininos, como o endometrial e o de ovário, estão ligados à obesidade. Para o especialista, a associação entre o uso de GLP-1 e a redução do risco desses tumores faz sentido, já que a perda de peso diminui a quantidade de células de gordura e, consequentemente, a produção de estrogênio, hormônio que pode influenciar o desenvolvimento de alguns tipos de câncer.
Slomovitz afirmou que recomenda o acompanhamento de especialistas para pacientes que utilizam GLP-1, devido a possíveis efeitos colaterais como náusea ou pancreatite. Ele também sugere o uso desses medicamentos para mulheres que já trataram câncer endometrial, como forma de melhorar a saúde geral e prevenir outras doenças associadas à obesidade.
O médico ressaltou ainda que mais pesquisas são necessárias para confirmar se o uso de GLP-1 ou a perda de peso podem ajudar a evitar a reincidência do câncer em sobreviventes. Ele também destacou o potencial desses remédios para preservar a fertilidade em mulheres, ao reduzir lesões nos órgãos reprodutivos sem necessidade de cirurgia.
Estudos em andamento investigam ainda os efeitos dos GLP-1 em condições hormonais como a síndrome dos ovários policísticos (SOP), que podem impactar a obesidade e a infertilidade.
Para Slomovitz, os GLP-1 representam uma mudança importante no tratamento de pacientes com obesidade e câncer, e as próximas gerações desses medicamentos devem trazer ainda mais benefícios.
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Fonte: Fox news