O governador da Flórida, Ron DeSantis, fez um alerta nesta quarta-feira sobre os riscos do programa de vistos H-1B para trabalhadores americanos, especialmente diante das transformações causadas pela automação e pela inteligência artificial. Em publicação feita no dia 24 de setembro na rede X, DeSantis classificou o programa como “uma fraude”, alegando que ele é utilizado para trazer mão de obra estrangeira barata em detrimento dos profissionais dos Estados Unidos.

O visto H-1B, criado em 1990, permite que empresas americanas contratem temporariamente trabalhadores estrangeiros qualificados em áreas como tecnologia, engenharia e medicina. O programa é alvo de críticas de quem acredita que ele é explorado por grandes empresas de tecnologia para substituir funcionários locais por profissionais de fora, com salários menores. Por outro lado, defensores do visto argumentam que reformas cuidadosas são necessárias para manter a competitividade dos EUA no cenário global.

A fala de DeSantis ocorre em meio a discussões sobre o futuro do trabalho, já que o avanço da inteligência artificial levanta preocupações sobre a substituição de empregos, principalmente em áreas técnicas e profissionais. Justin Vianello, CEO da empresa de tecnologia SkillStorm, afirmou à Newsweek que depender de mão de obra estrangeira ou de programas temporários para funções críticas, como cibersegurança e computação em nuvem, é insustentável e pode afetar até a segurança nacional.

O debate ganhou força após o governo Trump propor mudanças no processo de seleção do H-1B, priorizando vagas com salários mais altos e anunciando uma nova taxa de US$ 100 mil para determinadas solicitações do visto. Segundo Marina Shepelsky, fundadora do Shepelsky Law Group, essa medida pode praticamente eliminar o acesso de profissionais estrangeiros altamente qualificados ao mercado americano, prejudicando setores que dependem desses talentos.

Christi Jackson, sócia do escritório Laura Devine Immigration, também criticou a nova taxa, destacando que ela pode dificultar o acesso ao programa, especialmente para pequenas empresas, e evidencia a instabilidade das políticas migratórias dos EUA.

O programa H-1B tem um limite anual de 85 mil novos vistos, número que costuma ser superado pela demanda, levando à realização de sorteios para a seleção dos candidatos. Agora, empregadores e profissionais acompanham de perto as discussões, já que eventuais mudanças podem impactar diretamente as estratégias de contratação e o planejamento das empresas americanas.

Foto: AP/Chris O’Meara

Fonte: Newsweek